Thursday, May 13, 2004

Ponta do Sol e os Piratas


Durante séculos esteve a ilha da Madeira à mercê dos piratas. Um deles, quiçá o mais ousado, era Cambaral, jovem temerário com um passado envolto em mistério.

Com os seus constantes assaltos a Ponta do Sol e a Ribeira Brava, na costa sul da ilha da Madeira, o pirata Cambaral aterrorizava as populações.

Desesperadas, pediram ajuda ao senhor daquelas terras, que logo organizou uma esquadra para caçar o corsário. Houve renhidas pelejas e, no meio da confusão, Cambaral é encontrado sem sentidos, ferido e quase morto. Mandou o fidalgo que o levassem para sua casa para que se recuperasse antes de ser levado à forca, deixando o bandido entregue aos cuidados extremosos da sua própria filha.




Um mês depois, Cambaral é dado como livre de perigo. Os apaixonados já só têm alguns dias para estarem juntos, e os momentos a sós enchem-se agora de pesados e prolongados silêncios. Por mais que a ideia lhe custe, Leonor quase prefere vê-lo com outras mulheres do que morto na forca, mas o pirata acredita que foi o destino que os uniu e propõe-lhe fugir.

No dia combinado, a bela Leonor vai ao quarto do pirata como de costume, e deixa-se ficar o tempo que é habitual. Depois, finge que se vai deitar e, mal a noite cai, vai ter com ele à ponte sobre a ribeira de Ponta do Sol. Cambaral abraça a sua amada e os dois beijam-se ardentemente.

Mas o pai, que fora avisado da fuga da filha, surpreende-os naquele preciso momento e, cego de raiva perante tão clara e desonrosa manifestação de amor, ergue a espada e, de um só golpe, corta as cabeças dos dois amantes.